segunda-feira, 29 de setembro de 2008

07 de Outubro - O que são canções essenciais?

No próximo encontro do Núcleo de Estudos da Canção, Marcos Sosa abordará com senso crítico as já tradicionais listas de canções essenciais publicadas em revistas da área cultural, como Bravo! e Rolling Stone.

Marcos Sosa é professor, formado em Letras pela UFRGS, e em Teoria Musical pela Escola de Música da OSPA. Com a monografia intitulada Ramilonga - estudo da canção, sob orientação de Luís Augusto Fischer, iniciou em 2004 pesquisa na área da canção popular.

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Terça-feira, 07 de Outubro, às 18h30.

Plenarinho da Reitoria, Campus central da UFRGS. Av. Paulo Gama, 110.

Informações: 3308-3034 ou pelo e-mail unimusica@ufrgs.br

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Lista é lista, canção é canção - por Marcos Sosa

Arte não é competição das Olimpíadas, e canção popular não é corrida da Fórmula 1. Inevitável, no entanto, que neste momento dos 50 anos da bossa nova não surjam as tão atraentes e contestadas listas dos melhores, em forma de ranking, em revistas especializadas. Dois exemplos são a Rolling Stone Brasil ("100 maiores discos da música brasileira", outubro/2007) e a Bravo! ("100 canções essenciais da MPB", maio/2008). Claro que em ambas encontra-se o mea-culpa editorial esperado na introdução, pois lista é lista, critério é critério, e canção é canção. Disso os especialistas têm a obrigação de saber, e de enunciar ao leitor mais ingênuo do tipo que não relativizasse a questão.

Já no caso do ouvinte regular da canção, mais aparelhado para o tema, as publicações servem como comparativo entre si e com a "lista interna" que tenha elaborado intuitivamente. Servem também para uma espécie de leitura crítica sobre a atividade crítica, de modo a situá-la como gosto e aprendizagem do gosto (e toma-se aqui como positiva a idéia de que ouvir música é uma arte que se tem e/ou se aprende, e neste quadro um pouco de comentário não faz mal a ninguém).

Avaliadas de um modo geral, a seleção da Bravo! ("MPB") tem na bossa nova e na tropicália o eixo central, enquanto a da Rolling Stone ("música brasileira") adota uma variedade estilística maior, cabendo nela um pouco mais do rock, por exemplo. Uma e outra diferem pela semântica daquilo que seja tomado como popular, mas os compositores, intérpretes e obras evocadas pertencem a uma zona comum.

Apesar, porém, de uma quase homogeneidade, Jorge Ben Jor é uma ausência de primeiro nível na Bravo!, enquanto na Rolling Stone abraça um confortável sexto lugar com o álbum A tábua de esmeralda (Philips/Phonogran, 1972). Em vista de sua obra vasta e de seu lugar de consagrada contribuição à música (popular) brasileira, é possível dizer que o mea-culpa referido na introdução da Bravo! não convence como deveria. O modo de cantar de Jorge Ben é de dicção singular, fundante, e a clássicas como Os alquimistas estão chegando, Errare humanum est, ou tantas outras, deveria ter sido dada passagem. É com o universo místico ou malandro, futebolístico ou atrevido de Jorge Ben que a melodia brasileira aprendeu a servir ao extremo à letra, à fala mesma, adquirindo uma "elasticidade" admirável, conforme analisa Luiz Tatit em seu estudo intitulado O cancionista: composição de canções no Brasil (Edusp, 1996). Por estas e outras virtudes particulares, trata-se de um artista que trabalha a brasilidade com raro talento e alcance.

Claro que estas considerações não desfazem a grande utilidade dos excelentes comentários das duas revistas, nem o impagável conjunto de informações técnicas e de imagens. Assim como no caso apontado, as ausências serão tantas quantas o juízo de cada ouvinte dedicado souber perceber.

www.marcossosa.pro.br
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Próximo encontro:

Lista é lista, canção é canção - Marcos Sosa

07 de Outubro, terça-feira, às 18h30
Plenarinho, Campus Central da UFRGS